quinta-feira, 20 de março de 2008

Cegueira

Tapei os olhos a vida...
Inverdades escondidas
teatros cegos de mim
exaustos de aplausos sem cor
e poeiras do quotidiano

Vendo sem piedade a alma
cubro-a de cetim negro
cor de quaresma da vida
sufocada em palavras não soltas
poesias do nunca mais,
cegueira que silencia a dor

Não abro...
Arrasto-me no som
aguço outros sentires
no meio de orvalhos e raizes
sussurros cobertos no desejo
passado que teima em viver
ao sabor dos dias
ao sabor da vida
ao sabor de ti.

Cego-me no suspiro
de beijos perdidos
e madrugadas vividas
em prosas de lençois suados
ritmos e cansaços indiferentes
de olhares enfurecidos
e sorrisos apagados de sonho.

Vivo mas não vejo.

Um comentário:

Salve Jorge disse...

Ante sua cegueira
Ele tentaria qualquer besteira
Apenas para vê-la sorrir
Do quotidiano se despir
E com ele subir
Se envolver
Arder
E tudo esquecer
Pois o mundo muito precisa se esmerar
Pra começar a lhe merecer

Ele compraria-te a alma
Apenas para vê-la mais calma
Livrar-te do passado
De todo incômodo guardado
Enquanto afagaria seus desejos
Cubriria-te de beijos
Pois és mais do que o que vejo
Transpiras o que sinto

Para livrá-la da dor
Ele dedicaria-te todo o olor
O labor de um amor
Tão recheado de furor
Que a dor e o cansaço
Seriam parcos
Ante a proteção daquele abraço
Do arder do nosso regaço
E de toda cor que iria colorir os seus sonhos e os sons
Os cheiros e os paladares
O tato
Seu tato
Onde me arrasto
Me assanho
Para lhe salvar
Lhe guiar
E toda lhe enxergar...