quarta-feira, 19 de março de 2008

Decifra-me e devora-me…

Decifra-me e devora-me…
Olha pra mim e faz do olhar
instantes de vida intermináveis
tira-me a mascára aos pedaços,
sentimentos...
Entranha-te em mim com suspiros
leves palavras
traços e cores por inventar
marca-me em tua retina
tatua-te de mim...
corpo e alma num só nós!

Decifra-me e devora-me...
Dilacera a química
começando pelo meu nome
esse teu estranho porquê
cospe-me fogo entre as coxas
enterra-te fundo em mim
consome cada fagulha já acesa
dos mil pedaços em chamas
minha vontade se afrouxa em ti.
Tua... Nua... Impura.

Decifra-me e devora-me...
Emerge do prazer e do suor
renasce de cada gemido em sinfonia
sacia-te da minha lucidez em fuga
Oh, cativo meu...
Na deusa que pariste
apenas cinzas plissadas
de um anjo que a muito....perdeu as asas!

Um comentário:

Salve Jorge disse...

Se te devoro
Minha inescapável vertigem
É porque meu olhar
Não quer outro lugar
Que não o seu corpo
Seu colo
Seu dorso
Sua forma
Que me conforma
Me abarca
Que me marca

Sou servo das tuas pernas
Submisso ao teu fogo
Que rogo
Cuspa logo
No meu colo
Nesse solo
O conforto
De tua caverna
Verta o seu sumo
E teu verbo no meu dente
Quando os peitos colidem
Os umbigos dialogam
E lhe devoro
Esse ritmo rente
Esse arranhar de sua mente
Esse rebolar pungente

Minha anja
Minha deusa
Nua
Do amor
Sem pudor
Apenas o olor de um suor
Incessante como a vontade
Dessa dança
Indecifrável
Devoro
Cada pedaço
Cada fagulha
Mordo-lhe a nuca
Assenhorado das ancas
Da explosão da carne
Do sangue das tuas asas
Que me adentram pelo peito
E me prendem na vertigem desse deleite...