terça-feira, 4 de março de 2008

Hoje

A tranquilidade paira em mim.
Tudo (parece) muito quieto,
tudo muito parado.

As nuvens
sobrevoam-me nos bicos dos pés,
nem correndo, nem andando,
somente vivendo.
Tudo muito quieto,
tudo muito parado.
Até sinto a brisa olhar o tempo passar.

Não sei bem o que sinto,
qualquer coisa sei que é,
vá-se lá saber se é vazio ou vertigem.
Ambas... ou nenhuma!
Talvez nem sinta coisa alguma,
quero antes a vontade,
em suma, quero sentir apenas por sentir.

Uma vontade de estar,
contudo ausente,
uma vontade de ir,
mas ser presente.

Não adianta sugerir instintos...
Meus sentires são puros labirintos
que adoram separar o que sou do que sinto.

Hoje embalo-me
em cores ternas
e aromas serenos,
amenas tormentas
e esferas suspensas.
Não invoco emoções e nem ilusões.
Transbordo-me... apenas.

Um comentário:

Carlos Serra disse...

Excepcional poema, conjuntos imagéticos admiráveis. Continue a explorar esses trilhos, refinando cada vez mais as imagens.