terça-feira, 22 de abril de 2008

E...


Se eu te contar que já não sei amar
que meu corpo respira dores intactas
que meu corpo é tatuado por memórias sem sentido?

Se eu te contar que mesmo calada falo contigo
que tudo que te quero dizer me soa demasiado vulgar
que tudo que te quero falar parece demasiado banal?


Se eu te contar que sou mulher que não se alcança
que todos teus gestos estranhos me são familiares
que todos teus sorrisos desconhecidos me parecem reais?


Se eu te contar que apesar de ilusões sucedidas ainda estou acordada
que mesmo desencantada me faço intacta
que mesmo cheia de cinzas fransidas ainda sou fogo?


Se eu te contar que depois de cair acredito ter asas
que continuo cheirando a terra mas sou mar
que mesmo sem te conhecer os recantos te traço a pele?


E se eu ficar calada? Ouves-me?

Um comentário:

Salve Jorge disse...

E quando contares
Sobre teus mares
Teus males
Irei envolver-te como um chale
Fazer-te esquecer os antigos lares
Os pares
E mudar o tom da respiração
Para que não saia dor
Mas sim o olor
Da tua ressurreição
Um novo vigor
Novas memórias
Que cantem as glórias
De sua perfeição
Lapidarei essa histórias
Para desenhar novas tatuagens
Não serão novas miragens
Serão sim a anunciação
Do início de nossas viagens
Onde falaremos em profusão
Nada será vulgar
Tudo ser dirá até em um simples olhar
Pois se não és do tipo de se alcançar
Irei diante de ti me prostar
E simplesmente
Pura e simplesmente, lhe adorar
Beijar-te os pés
Os joelhos
As coxas
O umbigo
E levar-te comigo
Até meu abrigo
E louvá-la pelo que és
Toda essa mulher
Que jaz acordada
Mas não acorrentada
E que se quiser
Pode vir comigo nessa jornada
Onde atiçarei todas as suas brasas
Esqueceremos do mundo
Trancados em casa
Desbravando à fundo
A dor de cada asa
Sois mais que fogo
Sois sol
Anzol
No qual me prendo
Por própria vontade
Diga tudo o que quiser
E se quiser diga calada
Já me és amada
Adorada
És minha mais sinuosa empreitada...